Crise no mercado editorial?

abril 27, 2020


No último mês, pudemos observar como o Covid-19, o Coronavírus, começou a alterar os hábitos de consumo da população e como impactou na economia mundial. 

Com grande parte da população dentro de casa, devido a necessidade de isolamento social para evitar o aumento da contaminação, boa parte do mundo está paralisado. Logo, a oferta de serviços e produtos está muito maior que a demanda, provocando uma crise econômica que terá consequências catastróficas em vários setores do país. 

Mas, como está o mercado editorial? Como a Covid-19 está afetando esse setor? Nesse post, vamos explicar um pouco para você. 

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Painel do Varejo de Livros no Brasil, feita no início de abril, o mercado editorial teve uma queda de 40% após o fechamento do comercio. É um resultado triste, já que o mercado dos livros no último ano vinha apresentando alguns sinais de recuperação.

Fechamento de Livrarias 
          
Com o fechamento das livrarias, grande parte das vendas deixou de acontecer. Segundo uma pesquisa realizada pela Nielsen Bookscan, apesar do e-commerce ocupar 45% do faturamento, as livrarias físicas ainda são responsáveis por maior parte do faturamento do setor.  Ou seja, o fechamento de livrarias afeta toda a cadeia do mercado dos livros.

A Saraiva, por exemplo, demitiu no início do mês cerca de 500 funcionários. Desses 500 funcionários, 300 foram só do centro de distribuição da loja na região metropolitana de São Paulo. Os outros 200 foram distribuídos entre as outras lojas da livraria. 

Segundo o Sindicato dos Comerciários de São Paulo, a causa das demissões não só se deve as consequências da COVID-19, mas também tem decorrência de uma crise que atravessa há anos o mercado editorial na qual a Saraiva é uma das protagonistas junto com a Livraria Cultura. 

A Saraiva está em recuperação judicial desde o final de 2018 e tem uma divida de 675 milhões de reais. Já as dividas da Livraria Cultura chegam a cerca de R$ 285,4 milhões. As duas gigantes já haviam sido responsáveis nos últimos tempos pelo atraso de pagamentos as editoras, só que dessa vez elas não estão sozinhas.

Uma das consequências do fechamento do comercio foi a suspensão do pagamento de alguns livreiros e distribuidores a seus fornecedores, especialmente as editoras. Estas, por tempo indeterminado, ficaram sem receber os acertos. 

O movimento 'Justos Pelo Livro', que reune mais de 100 editoras, publicou uma carta criticando esta decisão dos livreiros e dos distribuidores, que teria sido tomada de forma unilateral. Na carta, o movimento diz que entendem o momento de extrema dificuldade, mas que todas as editoras tem contas a pagar e prazos a cumprir. 

Muitas editoras ainda trabalham com consignação. Ou seja, as livrarias que deveriam ter acertado em março o pagamento de livros vendidos em janeiro (dinheiro referente a vendas feitas antes do fechamento do varejo) não fizeram isso. Portando, sem ele, diversas editoras ficam sem caixa.

Editoras

Com o fechamento das livrarias e atraso nos pagamentos por parte das livrarias e distribuidoras, diminuir o número de lançamentos e as tiragens dos livros foi o primeiro movimento de contenção das despesas das editoras. As livrarias são fundamentais ainda nas vendas e muitas editoras podem começar a quebrar se não receberem, já que todas elas, obviamente, têm contas e funcionários a pagar. 

Quem sofre bastante com isso, principalmente,  são os colaboradores freelancers como revisores, tradutores, designers e gráficas – que recebem apenas por trabalhos específicos. Se os lançamentos são interrompidos, estes ficam sem trabalhos.

Procurando alternativas para conter a crise, além de começarem a produzir bastante conteúdo nas redes sociais para fidelizar leitores, as editoras precisaram começar a investir de forma mais concentrada nos e-coomerces, na realização das vendas dos seus livros no mercado online e na venda de e-books e audiobooks, que vem crescendo cada vez mais. 

Agora, muitas editoras passaram a ver os e-books não só como um produto adicional, mas como talvez um seguimento que pode melhorar substancialmente o fluxo de caixa neste período, por mais que no brasil o mercado de livros digitais ainda não seja grande, se comparado a outros países. 

Para introduzir os novos leitores, muitos e-books estão sendo disponíveis de forma gratuita em diversas plataformas e com descontos incríveis. Se você nunca pensou em ler um e-book antes, talvez seja o momento de experimentar!

Soluções criativas

Enquanto as grandes varejistas enfrentam uma crise dupla e continuam vendendo livros em seus sites, as livrarias e editoras menores tentam cada vez inovar para poder sobreviver. De portas fechadas, estes pequenos estabelecimentos contam com redes sociais e lealdade de clientes para enfrentar a crise. Diversos livreiros passaram a fazer atendimento pelo WhatsApp e Instagram, realizando uma espécie de delivery com os livros.

Pensando em facilitar essa entrega, O PublishNews fechou uma parceria com o aplicativo Rappi. Agora o serviço de delivery passará a entregar livros também em mais de 140 cidades. Durante a quarentena, a plataforma vai oferecer condições especiais para editoras e livrarias, estas poderão vender seus livros pela plataforma com uma taxa de 6% no mês inicial.

Com o objetivo de trazer soluções para ajudar o setor, um projeto de lei foi apresentado no senado, o PL 2.149/2020, pedindo para que bancos públicos e agências de fomento abram linhas de crédito, com juros e condições justas, durante a epidemia para pequenas livrarias e editoras. Ele também propõe que os Correios subsidiem o envio de livros.

O Conselho do Plano Municipal do Livro, Leitura e Literatura e Bibliotecas de São Paulo recentemente divulgou uma série de propostas para tentar conter a crise. Criação de linhas de crédito, compra de livros pela prefeitura e isenção de IPTU foram algumas das propostas listadas.

A Câmera Brasileira também trouxe sugestões de medidas ao Ministério do Economia, como realizar o adiantamento do pagamento de imposto de renda, INSS e contribuição social.

Apesar de tudo isso, as editoras também estão investindo em soluções criativas para se manter. Desde descontos generosos nos preços de capa dos livros, produção de e-books, Lives especiais com autores nas redes sociais até oferta de cursos na área produzido por editoras.

No geral, editoras e livrarias continuam se comunicando com sua comunidade pelas redes sociais e passaram a realizar seus eventos de forma online, transmitindo pelo Instagram ou pelo Youtube.

Como apoiar?

Nesse momento, para que diversas livrarias e editoras possam sobreviver a crise, é imprescindível  que elas consigam contar com o apoio de seus clientes. Por isso, é importante que, para ajudar, os clientes continuem acompanhando o conteúdo produzido seja por livrarias ou editoras. Fique por dentro das suas ações e campanhas. 

Além disso, verifique se a editora que você gosta está oferecendo vendas online, seja em site, utilizando as redes sociais ou telefone. Caso esteja, dê preferência a comprar em seus canais diretos. Também faz uma grande diferença caso os clientes deem preferência por comprar um produto na pré-venda. Isso só fortalece a editora, a livraria e o autor.

Também é o momento legal para compartilhar suas indicações literárias com as pessoas que você gosta. Viu algum livro que te interessou? Leu alguma coisa relevante? Recomende!

E, aí? Curtiu esse post? Deu para entender um pouco mais sobre o que vem acontecendo no mercado editorial em meio a Covid-19? Comenta aqui em baixo se tiver mais alguma dúvida e compartilha esse post para que outras pessoas possam entender um pouco também!

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